Caminhos do Alentejo...




Apetecia-me...



Apetecia-me porém,

passar um sossegado fim de tarde.

A folhagem dessas minhas vizinhas árvores,

era o único barulho...

Acalmava-me.

O sol já estava baixo,

mas eu queria mesmo entrar pela escuridão da noite,

onde me aconchegava,

por entre o silêncio das estrelas.

Chegou por fim...

Aquele céu, que quase me esmagava de imensidão,

que tantas vezes foi meu fiel companheiro,

ali estava novamente.

Começou um turbilhão de pensamentos...

Eu já volto...

Pensamento do dia...


E se eu fosse uma rã?

Seria feliz a viver num charco qualquer?
Afinal um charco não tem de ser uma coisa má!?

Vários estados...





Estarei...
Simplesmente estarei...
As cores...o cheiro...
O reflexo das coisas...
O movimento dos sentidos...
Embora que confuso, são esses os interesses reais...
Sob todas as coisas...
A vida.

Fotografias das férias...












Ribeira de Alge...




Cabril...



Por entre as coisas...




Aquele ribeiro...

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão



Ninho de aranhas...



Que sitío...





Pedrogão Grande...






Mais pés...



Água...




Aqueles momentos...