"...dizem que a paixão o conheceu mas hoje vive escondido nuns óculos escuros senta-se no estremecer da noite enumera o que lhe sobejou do adolescente rosto turvo pela ligeira náusea da velhice..." Al Berto
Candeeiros...
..."Nunca conseguira arrepender-me verdadeiramente de nada.Assaltaram-me as lembranças de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: cheiros de verão, o bairro que eu amava, um certo céu de entardecer"...
Albert Camus
Vícios...
Pela noite, perdeste nesses vícios que te oferecem como prazeres... Deslumbraste a olhar a lua, convencido que mais alguém também a está a ver. Enfim, uma falsa ilusão...pois continuas sózinho. Percorres as ruas dos sonhos em busca de momentos, pessoas ou apenas mais uma garrafa de vinho... E ao amanhecer, regressas a casa e dormes. Quando acordares, vais ter de enfrentar novamente a realidade, e começares de novo todo o ciclo... Haja lua...
Sonhos...
Mesa dos sonhos
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando de novos sonhos a vida.
Alexandre O'Neill
No silêncio...
Doze moradas de silêncio
hoje é dia de coisas simples
(Ai de mim! Que desgraça!
O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas
na aldeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos
dentro das chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia...
jogos e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café sorriremos à pessoas
e às coisas caminharemos lado a lado
os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje
Al Berto
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Devaneios...
..."Há acontecimentos que nos atravessam porque são extremamente visíveis, e outros que nos impregnam porque ocorrem numa matéria volátil que é o ar do tempo. Não demos por nada, pensámos noutra coisa, e de repente damo-nos conta de que alguma coisa mudou...
...A dor - nada de mais estranho ao pensamento. Sofre-se e isso impede de pensar. Pensa-se a dor e já não é dor. (...) Entre a emoção e o pensamento há uma espécie de incompatibilidade. Entre a dor e o pensamento, a incompatibilidade é extrema"...
Eduardo Prado Coelho
Contrastes...
Exposição...
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