No silêncio...


Doze moradas de silêncio

hoje é dia de coisas simples

(Ai de mim! Que desgraça!

O creme de terra não voltará a aparecer!)

coisas simples como ir contigo ao restaurante

ler o horóscopo e os pequenos escândalos

folhear revistas pornográficas

e demorarmo-nos dentro da banheira

na aldeia pouco há a fazer

falaremos do tempo com os olhos presos

dentro das chávenas

inventaremos palavras cruzadas na areia...

jogos e murmúrios de dedos por baixo da mesa

beberemos café sorriremos à pessoas

e às coisas caminharemos lado a lado

os ombros tocando-se

(se estivesses aqui!)

em silêncio olharíamos a foz do rio

é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças

descalças

hoje


Al Berto

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